oh! tu és o poema
eu apenas te leio
e te devoro
oh! tu és o poema
eu apenas te leio
e te devoro
Eu sei que você gosta de amor meio feijoada.
Cheio de pernas, orelhas, línguas,
palavras de paio e linguiça,
boiando em um caldo insensato.
Amor-feijoada.
Desses que alimentam o corpo e a alma
deliciosamente
com bastante feijão, preto, bem amassado
sal e pimenta a gosto, é claro!
É óbvio que com laranja, couve.
e aquela farofa espalhada pelo corpo inteiro do prato,
agarrada ao arroz como as tuas mãos crispadas de desejo.
Perdoe-me se temos gostos tão diferentes.
É que eu sou lírica.
Gosto da poesia da saladeira prateada
vestida de verdes, laranjas, vermelhos de vários tons e sabores.
Picantes?
Só as alcaparras e… uma gotinha de limão.
Tudo isso carregado de morangos de todos os tipos e formatos.
O que eu posso fazer?
Sou vegetariana.
O que amo em ti
não é senão o riso que a tua presença espalha
em meu mísero espaço apertado de ser.
O que quero de ti?
Quero o teu olhar luminoso
banhando a minha alma em trevas.
O que espero de ti?
Que fiques onde estás.
Tu não me suportarias como sou,
com toda a miserável exuberância do meu ser.
E eu rejeitaria cada desejo teu
que não alcançasse o meu sentir mais pleno.
O que fazer então?
Só olha para mim.
E toca todo meu ser com a tua luz.
E arranca o brilho que a minha alma
Tem em tua presença.
O que posso dar-te?
O desejo de dar à luz a mais bela música
Nascida do encontro do nosso amor.
Do nosso estranho amor.