Arquivos mensais: novembro 2015

É URGENTE AMAR

É urgente amar.
Entre um gole de vinho e outro
é urgente amar.
Entre a vida que passa
o tempo que escoa
e tudo aquilo que doa
é urgente amar.
Porque um dia
os teus lábios já não serão os mesmos.
a tua boca desejará a minha e ela já não estará mais aqui
os meus olhos que te vê na escuridão de ti mesmo estarão sem luz.
Por tudo isso e muito mais
é urgente amar.

Amar
antes que o mundo mude
antes que fiquemos mudos
antes que a memória nos traia e nos esqueçamos de tudo
é urgente amar.
Porque o tempo não espera.
Mas eu espero
desde de antigas eras
o teu abraço
o teu beijo
o teu amor
o meu luar nos braços do teu mar…
eu te espero, meu amor.

Por isso também
é urgente amar.
antes que acabe o vinho
ainda que eu seja só um pouquinho
do desejo do teu desejo
que eu tanto desejo.
Quer saber,
esquece a vida
esquece a lida
manda tudo pra bem longe
bem pra frente,
porque só há uma coisa urgente:
Amar!

UM CAFÉ

… ainda que eu saiba que não vens, estou a esperar-te para um café.

Diante de mim, um jovem limpa com um pano molhado as folhas de uma planta ornamental.

Ele está apenas fazendo o trabalho dele.
Não me parece nenhum pouco cuidadoso.
Ela responde aos pretensos cuidados com um aroma inesquecível.
Ele se foi.
Ela se recolheu.
E eu…
fiquei pensando nos cacos de poesia nos quais inadvertidamente pisamos.

Diante da vitrine, vejo a mulher que se esconde.
São tantos monstros a carregar na bolsa.
E o que dizer das serpentes a serem esmagadas pelos sapatos?
Ah! e das máscaras para corrigir os sorrisos das rugas felizes?
Pobres vestidos, levantadores de falsos testemunhos!
Senhor, Senhor, por que não nos fizesses cegos?
quem sabe aprenderíamos a amar…
a amar a beleza.

Não chegaste, mas, eu te vejo
sem nome, sem roupas, sem voz
és apenas nós mesmos.
único, como somos quando estamos em nós.
Santas Interjeições, socorram-me.
prometo-vos todos os terços
e quartos!
oh! o que eu digo?
o que me dizes?

há poesia no teu silêncio.
pelo menos, é o que ele me diz
e tu?
preferes o meu silêncio?

morrerei então